Deni Zolin

'Vocês vão ver muita gente de fora visitando esse lugar', diz expert em dinos

O professor da Universidade de São Paulo, paleontólogo e autor de 25 livros sobre dinossauros no Brasil, Luiz Eduardo Anelli, participou, na sexta-feira, da Feira do Livro de Agudo e veio conhecer sítios paleontológicos e museus da região. Referência nacional na área da paleontologia, Anelli defendeu que a região de Santa Maria deve se unir e explorar comercialmente o turismo paleontológico, ainda mais depois que o Guinness Book, Livro dos Recordes, reconheceu a formação rochosa Santa Maria, que vai de Candelária até Mata (em vermelho, no mapa), como o berço dos mais antigos dinossauros do planeta, com 232 milhões de anos.

- Os dinossauros foram meus melhores professores. Quase tudo o que sei da geologia, da biologia e da história desse mundo, eu aprendi com os dinossauros. Com o tempo, fui deixando de lado a pesquisa e comecei a escrever livros. Nos últimos 10 anos, escrevi 25 livros, e em 24 deles, citei Agudo e a região. Com os dinossauros, eu ganhei o maior prêmio da literatura nacional, o Prêmio Jabuti. E vim parar em Agudo porque esta é uma feira do livro, e vim falar dos dinossauros, pois essa é uma das regiões mais importantes do mundo para os dinossauros - afirmou Anelli.

Ele contou que o fato de a região ter entrado para o Livro dos Recordes é um grande feito que ajudará a divulgar o Centro do Rio Grande do Sul para o mundo inteiro, atraindo interessados por dinossauros do planeta todo.

- O Guinness é traduzido para todas as línguas do mundo. Toda essa faixa central que corta o Estado (do Rio Grande do Sul) entra no mapa - diz.

Região de Santa Maria entra para o Guinness como o berço dos mais antigos dinossauros do mundo

Questionado sobre como explorar o turismo paleontológico, ele afirmou:

- Explorar comercialmente não é um pecado. O mundo inteiro faz isso. O mundo inteiro faz isso, transformou a pré-história deles numa coluna da cultura deles, como o esporte, a arte, o cinema, a literatura, tudo. Para eles, a pré-história é uma arte, é uma coluna cultural. Vocês têm obrigação de explorar isso, comercialmente, porque é isso que ajuda a movimentar a ciência também, e a cultura pré-história é rica, de entretenimento científico, é um valor cultural diferente de outras áreas. Qual a maneira de fazer isso? É fazer um roteiro turístico, transformar toda essa região em um geoparque, com hotéis, com grandes museus, ou pequenos em cada cidades, mas muito bem aparelhados, com esqueletos, com réplicas, como se faz em qualquer local do mundo. Você viaja pelos EUA e encontra museus o tempo inteiro. As pessoas gostam, os pais gostam de levar os filhos, os filhos gostam de conhecer a fauna e a flora do seu país. Acredito que transformar toda essa região num geoparque, num lugar turístico onde se visita esqueletos, se visita rochas (onde foram achados fósseis), com bons restaurantes, boas pousadas e bons hotéis é uma ideia de transformar isso num grande passeio turístico. E, sim, seguramente, daqui a alguns anos, vocês vão lembrar que aquele cara falou isso mesmo, né? Vocês vão ver muita gente de fora visitando esse lugar - opinou o professor da USP.

Há no Congresso Nacional um projeto de lei que quer reconhecer apenas Agudo como berço dos dinossauros do Brasil, mas Anelli diz que o ideal seria que toda a região fosse reconhecida, pois os dinos mais antigos foram achados em toda a Formação Rochosa Santa Maria, de Mata a Candelária.

- Minha opinião é que todo mundo deve se unir e tenha uma atuação conjunta. E cada local com suas exclusividades, de forma que quem quer conhecer tudo, tem de passar de Candelária até Mata, passar por todos os lugares - afirmou Anelli.


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